Como anda a sua saúde mental? Você se cuida? Você se percebe?
O Brasil é o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Além disso, estamos vivendo um momento conturbado em função da pandemia, o que acaba intensificando os problemas de saúde mental. São tantas as dúvidas e os medos, mas um deles acaba se destacando, o trabalho.
Empreender não é fácil e os questionamentos acerca disso só aumentam. Com tudo isso, o estresse e a ansiedade podem aumentar. Por isso, é mais que necessário dar atenção a sua SAÚDE MENTAL.
Portanto, conversamos com a psicóloga Louise Quintella do perfil @queridapsicologa, sobre como lidar com esse período de pandemia, como lidar com as incertezas dos negócios, ter uma rotina equilibrada e muito mais. Vem conferir!
“Tentar dar conta de tudo só sobrecarrega e te distancia do seu propósito”
S.C: Estamos vivendo um período muito conturbado em função da pandemia. Portanto, como esse tipo de situação pode afetar a saúde mental das pessoas? Em que nível isso pode chegar?
L.Q: Com a pandemia, tivemos que adaptar bruscamente o nosso estilo de vida, nossos hábitos e até mesmo relações e isso pode ser altamente ansiogênico. Traz a sensação de instabilidade, insegurança e, muitas vezes, perigo (pelo menos na interpretação que o nosso cérebro faz).
Nosso humor, perspectiva, projeção do futuro, sentimentos e, consequentemente, nosso comportamento pode ficar comprometido ou desajustado em uma situação dessas. Pode afetar mais bruscamente pessoas que já se encontravam mais sensíveis ou com transtornos específicos prévios como transtornos depressivos, ou ansiosos.
S.C: Empreender pode ser considerado estressante e isso impacta na saúde mental. Privação do sono, má alimentação, quantidade de horas trabalhadas, preocupação, etc. Tudo isso se intensifica quando falamos de mulheres, pois, são diversos papéis a serem executados. Mãe, filha, dona de casa, empreendedora, etc. Como lidar com esses diversos papéis? E principalmente agora na pandemia?
L.Q: Não só na pandemia, mas principalmente agora, é preciso estabelecer limites saudáveis e saber delegar. Tentar dar conta de tudo só sobrecarrega e te distancia da sua essência, do seu propósito.
Comunique às pessoas sobre seus limites, por exemplo: não respondo e-mails na hora do almoço, a partir das 14h estou de volta – e se atenha a isso! Não adianta falar que não responde e responder, sabe? A gente ensina ao outro como eles devem agir conosco, de certa forma. Veja o que você precisa na sua rotina para se sentir bem e funcional.
Eu preciso de 20 minutinhos sozinha no quarto para a minha meditação antes de dormir. Meu companheiro sabe disso e respeita. Minha mãe mora longe de mim e sempre queria fazer chamadas de vídeos após meus expediente, só que eu trabalho com isso, então a última coisa que eu quero ao final do dia, é fazer chamada de vídeo. Combinamos que nos falaremos por ligações apenas. Assim encontramos um equilíbrio de necessidades.
“É preciso estabelecer limites saudáveis e saber delegar”
S.C: Como lidar com o medo, ansiedade, estresse e as incertezas dos negócios?
L.Q: Entendendo o que está dentro do seu controle, quais as possibilidades e tentar montar planos a, b, c, d. Muitas vezes não vão ser o ideal, mas ainda assim um plano é melhor que nenhum plano. Se tal coisa acontecer, o que posso fazer para minimizar o impacto? Foque na redução de danos, não na solução perfeita. No mais, respirar fundo e saber que está fazendo o melhor que pode com o que tem.
S.C: Que dicas você dá para empreendedoras que estão trabalhando de casa e tiveram a rotina afetada com a pandemia?
L.Q: Estabeleçam rotinas, rituais matinais e/ou noturnos, cuidem bem do sono e não esqueçam de limites e momentos quase que sagrados de lazer e descanso. Não existe produtividade se você não está suprida nessas áreas.
S.C: Como criar uma rotina equilibrada? Trabalho, casa, filhos, família, etc.
L.Q: Botando na balança as prioridades. Criando um sistema de hierarquia e boa comunicação. Quando falo de hierarquia, tem a ver com cada pessoa desempenhar o seu papel dentro da dinâmica familiar. Por exemplo: o mais velho arruma os mais novos, os mais novos, tiram a mesa e levam o lixo para fora, e por aí vai, adequando por idade.
É imprescindível uma comunicação alinhada com seu marido ou esposa, tenha em mente que vocês são um time, não tenha medo de expor o que sente e pedir ajuda. E claro, tenha momentos de lazer juntos mas também só seus.
Conclusão
É importante destacar a importância da terapia. Busque ajuda de alguma profissional se você não estiver se sentindo bem.