Se você está planejando viajar nos próximos meses, precisa ficar de olho no preço da passagem, pois de acordo com o diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (lata), Willie Walsh, viajar vai ficar mais caro.
A entidade está realizando um evento esta semana, no Catar, e eles chegaram a conclusão de que como o preço do petróleo está muito alto, não há muito o que as companhias aéreas possam fazer. Afinal, o combustível é o maior custo das empresas que atuam neste mercado.
“As pessoas terão de se acostumar (com passagens mais caras). Não sou mais um CEO de uma companhia aérea, mas olho os fundamentos”, disse Walsh. “O preço do petróleo está muito alto, e ele é o maior custo de uma aérea. As empresas podem fazer pouco quanto a isso”, diz Walsh.
De acordo com Walsh, as empresas podem até fazer um hedge (proteção) de curto prazo. No entanto “No longo prazo, todo mundo tem de pagar o preço do petróleo, que mudou de forma estrutural para um patamar mais alto. E não há um modo de as companhias aéreas absorverem isso“.
Alta do barril de petróleo
O valor do petróleo continua subindo no mercado internacional. Inclusive, na segunda-feira (20), o preço do tipo Brent fechou o dia cotado a US$ 114,13 o barril. E os rumores não são bons, tanto bancos, quanto corretoras acreditam que o preço possa ultrapassar os US$ 130 o barril no médio prazo e chegar até US$ 150 no final do ano. Como previu o especialista Morgan Stanley.
“Não sei qual será o preço do petróleo, mas tudo sugere, quando você olha a curva, que ainda que diminua um pouco, continuará mais alta do que esperávamos dois anos atrás, quando o preço do barril à vista estava em US$ 50 ou US$ 60”, disse Walsh. “Agora temos uma curva em US$ 110, começando a recuar, mas em um patamar muito mais alto.”
Walsh aproveitou para apresentar os dados do setor na pré-pandemia para mostrar o impacto na alta do petróleo:
“O preço médio do barril entre 2010 e 2019 foi de US$ 80. O petróleo representou nessa época, em média, 27% dos custos da indústria. Essa foi a melhor década na história da indústria, quando nossa margem era de 5,5%. Aí você vê que não é uma indústria muito lucrativa. Então, o preço médio aumenta 30% e vai de US$ 80 para US$ 105. A matemática é simples, os preços das passagens precisam subir.”
Walsh considera críticas injustas
Com a elevação dos preços das passagens, as companhias aéreas estão sendo criticadas e acusadas de especulação. Contudo, Walsh considera as críticas “injustas“. Ele fez a seguinte declaração:
“Não acho que seja difícil para as pessoas entenderem. Uma empresa aérea que está perdendo dinheiro não pode ser acusada de especulação quando está aumentando seus preços porque os custos aumentaram de forma significativa. Elas ainda estão perdendo dinheiro.”
De acordo com um levantamento feito pela lata e, divulgado nesta segunda-feira, as perdas do setor aéreo neste ano devem ficar em torno de US$ 9,7 bilhões, ainda por causa da pandemia do Covid-19. Voltando a registrar lucro apenas em 2023.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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